Palmas-TO, 24 de abril de 2024

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Pesquisadores da UFT catalogaram e registraram novas potencialidades dos dois maiores biomas do Brasil

Atualizado em: 05/09/2022 16h54

Durante cinco dias seguidos, pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) realizaram a Expedição Canguçu-Caseara/Javaés-Araguaia 2022, percorreram 120 quilômetros do Rio Araguaia e o Rio Javaés - braço menor que forma a Ilha do Bananal, para catalogar e registrar as peculiaridades e potencialidades dos dois maiores biomas do Brasil, o Cerrado e a Amazônia.

Com foco em observar a paisagem e relevância regional/nacional/internacional, o contexto social, os segmentos de turismo, a biodiversidade (fauna e flora) e os projetos que estão em andamento no Centro de Pesquisa Canguçu - UFT, os professores pesquisadores que contaram com o apoio de um guia local, de dois acadêmicos e servidores da UFT, além de membros da equipe jornalística e audiovisual da instituição, navegaram vários dias na faixa de transição entre os dois maiores biomas brasileiros, o Cerrado e a Amazônia.

No percurso, que ocorreu entre os dias 8 e 13 de agosto, o grupo seguiu de canoa e caiaques apoiados por barco a motor, às margens da Ilha do Bananal – a maior ilha fluvial do mundo, na região onde se encontra o Parque Nacional do Araguaia - e o Parque Estadual do Cantão.

Para o pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFT, Prof. Dr. Raphael Sanzio Pimenta, que acompanhou de perto o trajeto, a primeira expedição do grupo foi bem sucedida. “Tivemos experiências e aprendizados bastante positivos durante esse período e acredito que a próxima expedição, que deve ocorrer em julho de 2023, será ainda melhor. Queremos aumentar a equipe, as ações de pesquisa e documentação e interagimos, ainda mais, com as populações indígenas e ribeirinhas”, disse Raphael agradecendo o apoio das instituições parceiras da Expedição, como a Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (Fapto).

As descobertas no caminho
O grupo percorreu o entorno de Unidades de Conservação de Proteção Integral, como o Parque Estadual do Cantão, que possui ecossistemas únicos e espécies endêmicas e ameaçadas, e o Parque Nacional do Araguaia. Assim, passou pela maior e mais importante área úmida do Cerrado, que tem status de “Sítio Ramsar” – título conferido a uma zona listada pela Convenção sobre as Zonas Úmidas de Importância Internacional.

O pesquisador e professor da UFT, Dr. Renato Torres, que coordena o Centro de Pesquisa do Canguçu, pode conferir de perto a diferença entre os ambientes naturais no território da divisa entre Tocantins e Pará. “São dois ambientes com características bem diferentes. Do lado paraense, o ambiente é tipicamente amazônico; do tocantinense, é de transição entre Cerrado e Amazônia. Entre os dois, há o rio Araguaia, que funciona, para algumas espécies, como uma barreira geográfica - um acidente natural que ‘impede’ a passagem, de um animal, de um lugar ao outro. Mas, interessante é que a barreira também se aplica a algumas espécies de pássaros. O ‘chora-chuva’ é um exemplo: o chora-chuva-branco só é encontrado do lado do Pará, e o preto, do Tocantins. As estruturas das matas de cada um dos lados são diferentes”, relata o professor.

O olhar do acadêmico
O estudante de Engenharia Elétrica do câmpus de Palmas, Paulo Macedo, participou da experiência a bordo de um caiaque, com o qual completou todo o percurso de navegação. No caminho, contou ele, se maravilhou especialmente com os botos, que acompanhavam, em alguns trechos, as embarcações.
“Foi uma oportunidade incrível! Tivemos muito contato com a natureza, com a fauna e flora dos ambientes pelos quais passamos. E remar ao lado do professor Renato foi uma verdadeira aula: ele nos mostrou e explicou sobre espécies de pássaros, mamíferos, peixes, árvores e outras particularidades do Araguaia e das matas do Cerrado e da Amazônia”, destacou Paulo.

A comunidade local
Vivendo à beira do Araguaia desde a década de 1970, o casal Eurize Vieira e Raimundo Canuto está entre os ribeirinhos pioneiros da região. Depois de aposentados, eles passaram a receber alguns turistas em casa, cujo quintal dispõe de área para camping, cercado por árvores, flores, ervas medicinais, bastante sossego e com vista para o rio. Os interessados vêm, sobretudo, pela pesca esportiva. “É no esquema do ‘pega e solta’, né? Já recebemos doutor, juiz... Já vieram uns [estrangeiros] que falam enrolado, que eu não entendo nada...”, conta, sorrindo, Eurize. “Mas, ainda são poucos os turistas, por enquanto, que vêm. A gente recebe, cobra as diárias, que é pra conseguir se manter aqui”, destaca ela.

Apoio
Além dos recursos institucionais - logísticos e financeiros - e capital humano, que possibilitaram a realização desta ação da UFT, a Expedição Canguçu/Caseara contou, ainda, com o patrocínio da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (Fapto), da loja de ferragens FERPAM, do Hotel 10, do Instituto Amazônia de Tecnologias Sustentáveis (IAMTEC), da ImagemMidia Comunicação Visual e da Lucas Auto Peças (Goiás). (Com informações de Gihane Scaravonatti - Comunicação UFT)